Um suposto caso de racismo desencadeou fúria no Brasil. Na sexta-feira, 20, justamente quando o país celebrava o Dia da Consciência Negra, a comemoração foi vivida com tristeza e indignação pelo assassinato de um cidadão na quinta-feira, 19.
João Alberto Silveira Freitas, 40, morreu sufocado em frente a uma loja da rede Carrefour em Porto Alegre, no sul do Brasil. A morte de João foi comparada à do americano George Floyd, em maio do ano passado, vítima de violência policial, que protestou contra o racismo naquele país. Mas o que está por trás dessa onda de protestos, e da própria predação do mercado?
A imagem da empresa também ficou suja. Prova disso, é que foi informado que a Rede Carrefour é desligada do grupo “Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial”. O projeto que reúne 73 empresas disse que “considera criminoso um ambiente empresarial em que um cidadão entre para fazer uma compra e saia morto”.
Proporção no Brasil
O caso tomou proporção no Brasil e até no mundo. Mas é interessante analisar os fatos, antes de sair fazendo manifestos e ainda quebrando e atacando um supermercado como forma de defesa, e de chamar a atenção das lideranças.
Primeiro sabemos que nada justifica o que aconteceu. Isso jamais poderia ter acontecido. Dois seguranças matarem um cliente que estava em compras no mercado. Nada justifica. E sim, lamentamos a morte de João e que a justiça seja feita, mas não da forma como foi feita. Por que?
Vamos aos fatos. Quando as primeiras notícias foram publicadas sobre a morte de João, a chamada era de “homem morre sufocado por seguranças em supermercado”. Mas bastou o caso ganhar ainda mais notoriedade que as chamadas da grande mídia se voltaram para ‘homem negro’. João é pardo e não negro.
O que logo se viu depois foi uma onda de protestos que saíram do virtual e foram parar nas ruas protestando sobre o fato que aconteceu e justificando que vidas negras importam. É claro que importam.
Logo em seguida, ao vangloriar a vida de João, que sim, jamais deveria ter morrido brutalmente daquela forma, também se tomou conhecimento que ele já tinha mais de 25 passagens pela polícia incluindo agressão doméstica.
E também circulou um vídeo que mostra a saída de João do supermercado ao lado dos dois seguranças, e ele primeiramente dá um soco em um deles, quando então os dois seguranças se avançam em João, e já sabemos esse triste final.
É interessante observar que essa mesma onda de protestos pela vida de João é a mesma que pede a morte de homens que agridem mulheres.
João se tornou ícone da luta negra, quando por trás desse fato, sim injustificável, estão outras vidas que sofrem caladas.
Nada justifica o que aconteceu. Mas essa militância que acontece e toma proporções enormes sem real verificação dos fatos coloca em jogo o que a grande mídia vem fazendo a muito tempo: um jogo de poderes, manipulação e de política que nada tem haver com vidas.