Bolsonaro, Doria e vacina covid-19. Essa semana o assunto que tem circulado pela mídia é o fato de Bolsonaro ser contra a vacina covid-19. Mas vejamos bem os fatos.
Antes de tudo é importante checar as informações. As polêmicas envolvendo Bolsonaro iniciaram quando, na quarta, 21, o presidente falou em suas redes sociais sobre a compra da vacina:
“Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina“.
Primeiramente, entenda bem essa fala do presidente. Sobre o discurso do investimento da vacina para covid-19, o que Bolsonaro deixou claro na quarta-feira, 21, é que a sua decisão estava relacionada ao desacordo com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e não necessariamente ser contra uma vacina para o coronavírus.
Polêmica da vacina covid-19
Aliás, como comprar uma vacina que ainda não está pronta? E que ainda não está totalmente testada? E só ir direto aos fatos. Se o próprio ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello já desmentiu essa compra, e o próprio presidente Bolsonaro afirmou que a reunião não foi nada disso, por que problematizar?
O presidente já afirmou que o governo federal não tornará a vacinação obrigatória, e que cabe ao Ministério da Saúde recomendação dessa natureza. Por sua vez, Doria quer exigir a imunização em São Paulo.
Como afirmar que Bolsonaro é contra se ele mesmo assinou no dia (6/08) a medida provisória que libera o crédito orçamentário de R$ 1,9 bilhões para a aquisição e produção de 100 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus, produzida pelo laboratório AstraZeneca e Universidade de Oxford?
Então, antes de dizer que o governo não quer a vacina, é importante averiguar os fatos e não distorcer informações.
Além disso, o que se pode ver claramente é que Doria tentou utilizar o acordo com o Ministério da Saúde como palanque político. Foi o que disse Bolsonaro:
“Uma pessoa tentou tirar um proveito político em cima disso, ele tinha uma audiência marcada para hoje com o ministro [da Saúde, Eduardo] Pazuello. Ele [o ministro] passou mal, acho que está baixado no hospital ainda, e depois o Pazuello fez uma videoconferência com alguns governadores onde o Doria entrou no circuito. E o Doria, acabando a videoconferência, correu para a imprensa para falar que ele havia assinado um protocolo para a aquisição de vacina chinesa, essas são as palavras dele”, disse Bolsonaro a jornalistas em Iperó (SP).
Portanto, não se trata de uma disputa contra a vacina covid-19. Muito cuidado com afirmações genéricas que querem a todo custo problematizar algo que realmente não era necessário.